Sarampo – Prevenir e controlar​ numa USF - Carlos Edgar

07/02/2024

Sarampo – Prevenir e controlar​ numa USF

Introdução


O vírus do sarampo é transmitido por contacto direto com as gotículas infeciosas ou por propagação no ar quando a pessoa infetada tosse ou espirra. O vírus pode permanecer infecioso no ar até duas horas após a pessoa infetada sair de uma determinada área ou espaço.

Transmissão do sarampo


Os doentes são considerados contagiosos desde 4 dias antes e até 4 dias após o aparecimento da erupção cutânea/exantema. Os sintomas típicos de sarampo aparecem, geralmente, entre 10 e 12 dias (variando entre 7 e 21 dias) após a pessoa ter sido infetada e começam habitualmente com febre elevada, tosse, corrimento nasal (coriza) e conjuntivite (olhos vermelhos). Dois a três dias após o início dos sintomas, podem aparecer pequenas manchas brancas (manchas de Koplik) no interior da boca. A erupção cutânea aparece geralmente 10 a 12 dias após a exposição de uma pessoa e espalha-se da cabeça para o tronco e para as extremidades inferiores. De notar que os doentes imunodeprimidos por vezes não desenvolvem a erupção cutânea e nas pessoas vacinadas a doença é mais benigna e pode ser atípica.


Procedimentos iniciais perante caso suspeito de sarampo numa USF


1. Na presença de caso suspeito de sarampo recomenda-se que os doentes sejam de imediato desviados do circuito normal de atendimento, sendo colocados em sala própria com máscara cirúrgica;

2. No caso de crianças mais pequenas onde possa haver dificuldade de manter a máscara, deve ser ponderado o risco individual;

3. O isolamento de doentes é da responsabilidade da equipa de saúde que deverá analisar a natureza da infeção e as condições de isolamento disponíveis, considerando o seguinte:
    a. Deve ser comunicada imediatamente a suspeita ao GCL-PPCIRA da sua unidade de saúde e pedir a sua colaboração na implementação das medidas consideradas necessárias;
  b. O quarto ou área de isolamento deve ser adequadamente preparado com os materiais e equipamentos estritamente necessários sem fazer armazenagem dos mesmos e individualizando todos os dispositivos médicos passíveis de uso individual;
    c. Manter a porta do quarto fechada e a área de isolamento identificada de acordo com o sistema interno de sinalização;
    d. A equipa de saúde deve ser orientada quanto à aplicação e monitorização das Precauções de Via Aérea;
    e. Não circular com os EPI fora da área de isolamento;
    f. Controlar a entrada de estudantes nesta área;
    g. Controlar a entrada de visitantes restringindo-os ao mínimo e orientar os visitantes/acompanhantes sobre o cumprimento das medidas, nomeadamente:
        i. higiene das mãos;
       ii. correta utilização do respirador;
      iii. não utilizar objetos pessoais do doente;
     iv. não retirar objetos do quarto sem falar com o enfermeiro ou o assistente operacional;
      v. não se alimentar no quarto;
      vi. tempo de visita deve ser limitado,

    h. Organizar a entrada de profissionais da área alimentar (ou evitar a sua entrada na área) e dos alimentos e saída dos restos alimentares do quarto; 
     i. Os brinquedos utilizados pelas crianças devem permanecer no quarto e devem ser de plástico ou outro material lavável para facilitar a sua descontaminação;
      j. A entrada de livros e revistas no quarto não precisam ser restritos, mas não podem ser partilhados com outros doentes;
    k. Orientar os profissionais de limpeza sobre o uso de respirador, avental ou bata e uso de materiais de limpeza exclusivos da área de isolamento;
    l. Seguir a política interna de resíduos e roupas.

4. Os profissionais devem usar respirador ultra-filtrante tipo P2 (PPF2/N95), dada a transmissibilidade do vírus através de núcleos de gotículas, à distância, por via aérea.


Vacinação do sarampo


  • Pessoas com menos de 18 anos de idade: 1-4 anos – primeira dose (recomendada aos 12 meses de idade); 5-17 anos – segunda dose (recomendada aos 5 anos de idade);
  • Pessoas com 18 ou mais anos de idade: Nascidos em ou após 1970, não vacinados contra o sarampo e sem história credível da doença - 1 dose (exceto profissionais de saúde - 2 doses);

Vacinação noutros países


Sarampo é endémico nalguns países, como Angola e alguns têm surtos frequentes, como no Brasil, em que o esquema vacinal é: 
  • 12 e 15 meses - vacina tríplice + varicela (obriga a um reforço no nosso calendário) - vacinação a partir dos 6 meses;

Sarampo – Medidas e estratégias para a USF


Sugeri algumas medidas e estratégias para prevenir ocorrência de surtos, como:
  • vacinação dos utentes adultos;
  • vacinação de migrantes que recorram à unidade.

Fontes bibliográficas
https://www.dgs.pt/paginas-de-sistema/saude-de-a-a-z/sarampo1/normas-e-orientacoes.aspx